terça-feira, 3 de janeiro de 2012

sociedade - Casal espanhol diz que filho negro foi expulso de restaurante em SP

Garoto foi adotado há dois anos na Etiópia e, segundo família, está abalado. Defesa do estabelecimento diz que criança foi confundida com menino de rua.

Comentário do Luisão (meu filho) ao ver a notícia na Globo News: “que beleza....é assim que sediaremos uma copa?”

A notícia mostra o quanto temos a caminhar, não apenas em relação a uma Copa do Mundo. Ainda há racismo por aqui, como em muitos lugares no mundo, diga-se. Mas é bom lembar que somos um país negro, como enfatizou o apresentador do noticiário, citando estatísticas do IBGE.

Mas vejamos alguns trechos na notícia que está acessível no G1:

A mulher, que não quis ter o sobrenome revelado, veio ao país com o marido Jordi, também espanhol, e o filho de 6 anos, adotado há dois na Etiópia. Na sexta-feira (30), Cristina procurou a polícia alegando que seu filho, que é negro, foi expulso do restaurante Nonno Paolo, no bairro Paraíso, Zona Sul de São Paulo. O dono do restaurante confundiu a criança com um menino de rua, segundo seu defensor, José Eduardo da Cruz. O advogado do estabelecimento nega e diz que o menino saiu espontaneamente após ser abordado pelo proprietário. O garoto, que não fala português, foi encontrado pela família a um quarteirão de distância do local.

O casal espanhol fez um boletim de ocorrência no 36º Distrito Policial, na Vila Mariana, ainda na sexta (30). O caso foi registrado como constrangimento ilegal, mas a polícia investiga a hipótese de racismo.... O advogado do Nonno Paolo reconhece que o dono do estabelecimento abordou a criança, mas nega que tenha havido racismo.

... Funcionários do restaurante ouvidos pelo G1 confirmam que o dono do local colocou o garoto para fora do estabelecimento.

Num primeiro momento, o advogado do estabelecimento disse que o garoto saiu espontâneamente. Algumas linhas depois, o texto traz a informação de que o advogado reconhece que o dono do estabelecimento abordou a criança abordou a criança, mas nega ter havido racismo. E mais, os funcionários do restaurante ouvidos pela reportagem confirmam que o dono colocou o garoto para fora!

Aí me vem a Elisa (minha esposa) e questiona? Será que o garoto estaria mal vestido?

Contradições a parte, o fato é que o racismo existe! É presente! Nem todos sentem, simplesmente porque não o sofrem. Mas quem é negro, certamente sabe. Claro, é comum ver um garoto negro de seis anos numa pizzaria. Desde que ela seja “da rua”. E é comum que ele seja colocado pra fora.

Vivemos numa cidade dividida pelo poder do capital. Num país dividido, em que o dinheiro e a altas posições sociais não combinam com a pele negra. A própria geografia de nossa cidade nos divide. Basta um passeio pelos jardins e áreas nobres da cidade e pelas periferias. Aliás, eu mesmo já visitei lojas, observei vitrines em lugares requintados e badalados de nossa São Paulo. E, claro, fui observado por alguns de maneira diferente, desconfiada.

Há muito a ser feito por aqui nesse sentido. Temos muito a aprender, neste país de maioria negra. Agora, imagine um estrangeiro que chegue aqui e finque os olhos na TV brasileira durante um dia todo. Ele não acreditará que temos aqui uma maioria de população negra! E isso é apenas um dos lados desta questão. Precisamos evoluir!