sexta-feira, 7 de agosto de 2015

na Agência USP - Cientistas procuram por abelha invasora na América do Sul

Procura-se uma abelha invasora! A recompensa: entrar para a história da ciência brasileira. Este é o mote de uma campanha iniciada por cientistas do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Biodiversidade e Computação (NAP-BioComp) da USP, sediado na Escola Politécnica (Poli), junto a agricultores e instituições de pesquisas do Rio Grande do Sul.

A Bombus terrestris pode causar danos ambientais em território brasileiro (*)
O objetivo é detectar o exato momento em que a Bombus terrestris — espécie de abelha europeia — chegue ao território brasileiro pela região sudeste daquele estado. Sabe-se que a Mamangava da Cauda Branca, como é popularmente conhecida, já invadiu a Argentina e segue em direção ao Uruguai. Sua invasão poderá resultar em riscos ambientais para a agricultura e espécies nativas. A orientação dos pesquisadores é não capturá-la, não matá-la, mas reportar seu avistamento.
A iniciativa partiu da pesquisa de doutorado do ecólogo André Luis Acosta membro do Biocomp. No estudo Bombus terrestris chegará ao Brasil: um estudo preditivo sobre a invasão potencial, o cientista desenvolveu uma série de análises computacionais que trazem um levantamento das possibilidades desta invasão. A pesquisa, que teve como orientador o professor Antonio Mauro Saraiva, da Poli, identifica por meio de modelos ecológicos os locais semelhantes ao habitat natural da abelha invasora. “Utilizamos lógicas e algoritmos para gerar um modelo global de suscetibilidade à invasão”, descreve.

na Agência USP - Alunos da USP ainda têm dúvidas sobre a carreira escolhida


NOP funciona desde 2004 e atende hoje cerca de 30 alunos anualmente
Depois de passar pelo exame vestibular da USP, considerado um dos mais difíceis do País, alguns estudantes vivem momentos de dúvidas e angústias em relação à carreira escolhida. É o que mostra uma pesquisa realizada com 115 alunos ingressantes da instituição. A teseA crise com o curso superior na realidade brasileira contemporânea: análise das demandas trazidas ao núcleo de orientação profissional da USP, de autoria da psicóloga Yara Malki, traz uma análise dos principais motivos que geram as dúvidas e inseguranças em relação às escolhas e aponta para a necessidade de as instituições, públicas e privadas, constituírem centros de carreiras para orientação dos estudantes.
A pesquisa foi defendida em maio deste ano no Instituto de Psicologia (IP) da USP e teve como base a análise de 115 fichas e 58 relatórios de atendimentos realizados entre 2007 e 2012, no Núcleo de Orientação Profissional (NOP), ligado ao Laboratório de Estudos sobre o Trabalho e Orientação Profissional (LABOR) do IP, onde Yara atua.
Segundo a psicóloga, o processo de escolha mal conduzido pode estar ligado a uma característica dos jovens nos dias atuais. “São muitos os motivos que os levam a se precipitar na escolha. Acredito que o ‘imediatismo’ seja um dos principais”, aponta a pesquisadora.

na Agência USP - Biodiversidade da Mata Atlântica beneficia produção de banana


Região do Vale do Ribeira, em São Paulo, é a maior produtora do estado
Um amplo e inédito estudo sobre a variedade de banana nanicão foi realizado no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Alimentos e Nutrição (Napan) e Food Research Center (FoRC), que é um Centro de Pesquisa e Difusão (CEPID) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ambos sediados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Durante quatro anos de estudos em campo e em laboratório, os cientistas analisaram a influência da biodiversidade da Mata Atlântica na produção da fruta, na região do Vale do Ribeira, em São Paulo. Entre as constatações, a de que a biodiversidade nativa traz benefícios em diversos aspectos da produção, inclusive em relação à Sigatoka Negra, doença que atinge as plantações de banana.
As análises foram realizadas em duas áreas de plantação, cada uma com meio hectare, em média. “Numa delas, havia um fragmento remanescente de Mata Atlântica no entorno”, conta a professora Beatriz Rosana Cordenunsi, do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF, que coordenou todo o trabalho. Esta área foi denominada pelos pesquisadores de Biodiversidade no Entorno (BE). A outra porção selecionada, cercada por outros pés de banana, foi descrita como Monocultivo no Entorno (ME).
Uma característica semelhante nas duas áreas estudadas é que os agricultores se utilizam da aplicação de agrotóxicos para combater a Sigatoka Negra, que tem como vetor o fungo Mycosphaerella fijiensis. “As aplicações são feitas por aviões, chegando a atingir locais em que são proibidas”, conta a engenheira agrônoma Florence Polegato Castelan, então doutoranda da FCF, que participou do projeto. Segundo ela, a doença ataca as folhas da bananeira, encurtando o ciclo de produção da fruta. “Pudemos observar que, na área de monocultivo, o índice da doença foi cerca de 40% maior em relação à parcela junto à biodiversidade”, destaca.

na Agência USP - Algoritmo inédito identifica padrões em dados criptografados

Os “embaralhamentos” usados em sistemas criptográficos para proporcionar maior segurança em transações na internet podem não ser tão seguros quanto se imaginava. É o que mostra um modelo matemático desenvolvido por um grupo de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e da Universidade de Gent, da Bélgica. Sistemas criptográficos considerados seguros, não devem apresentar nenhum tipo de padrão, ou seja, não devem dar nenhum tipo de pista sobre a informação “embaralhada” ou a forma como o processo foi feito. Entretanto, o método conseguiu identificar padrões em dados criptografados por algoritmos criptográficos atuais que são utilizados em transações comerciais na internet e mesmo em bancos. O trabalho foi publicado na revista Communications in Nonlinear Science and Numerical Simulation.

Criptografia embaralha letras, números e símbolos, tornando a comunicação segura
A criptografia embaralha letras, números e símbolos para codificar uma comunicação e torná-la segura. Ela é utilizada em toda a comunicação digital que exija sigilo, seja entre bancos ou em transações que realizamos frequentemente na internet. Na prática, quando um usuário digita os dados de seu cartão de crédito, numa transação comercial via internet, as informações são “embaralhadas” de maneira que seja impossível retornar ao dado original sem o conhecimento da senha. “Em princípio, não deveria ter nenhum tipo de informação ou padrão nas mensagens criptografadas”, descreve o professor Odemir Bruno, do Grupo de Computação Interdisciplinar do IFSC. Contudo, a nova metodologia conseguiu detectar alguns padrões.
Para melhor esclarecer o problema, Bruno cita o exemplo de dois baralhos: “Imaginemos dois baralhos completos cujas cartas foram embaralhadas. Um deles foi embaralhado por cinquenta vezes e ou outro por cem vezes”, descreve. “Ninguém poderia sequer pensar que haveria entre a ordem das cartas dos dois baralhos qualquer tipo de padrão que pudesse diferencia-los. Nosso algoritmo permite encontrar estes padrões, ou seja, seria como conseguir dizer qual dos baralhos teria sido embaralhado por cinquenta ou cem vezes”, exemplifica o cientista.

na Agência USP - Teste avalia desempenho anaeróbio em atletas de ginástica

Na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, pesquisadores validaram um teste destinado a aferir o desempenho físico anaeróbio em atletas de Ginástica Aeróbica Esportiva, modalidade que ainda não é olímpica, mas que tem praticantes em todo o mundo. Denominado Specific Aerobic Gymnast Anaerobic Test (SAGAT), o teste é inédito na modalidade.

Modalidade ainda não é olímpica, mas tem praticantes em todo o mundo
“Agora temos uma ferramenta que possibilita aferir o desempenho dos atletas com maior precisão de forma rápida e segura”, descreve Christiano Robles Rodrigues Alves, doutorando do Departamento de Biodinâmica do Movimento do Corpo Humano da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. A validação do teste foi um trabalho conjunto entre Christiano e o profissional de Educação Física Marcello Tadeu Caetano Borelli, sob a supervisão do professor Guilherme Artioli, da EEFE. Toda a metodologia para a validação do novo teste está descrita no artigoDevelopment of a Specific Anaerobic Field Test for Aerobic Gymnastics, publicado na revista científica PLOS ONE.
Borelli, que é preparador físico de uma equipe de Ginástica Aeróbica Esportiva, em São Paulo, conta que até a validação desse teste não havia nenhuma outra forma de se avaliar o desempenho dos atletas. “Não havia parâmetros para determinar se um atleta estava em boas condições anaeróbias. Toda observação era feita durante os treinos, de modo empírico”, conta.

na Agência USP - Chip SAMPA será fundamental em experimento do LHC


Segunda versão do protótipo do chip será entregue em julho deste ano
Em meados de julho deste ano, cientistas do Instituto de Física (IF) e da Escola Politécnica (Poli), ambos da USP, deverão concluir a segunda versão do protótipo de um chip que será fundamental em um dos experimentos do maior acelerador de partículas do mundo, o LHC (Large Hadron Colider). Apelidado de SAMPA, o chip será uma estrutura de apenas 9 milímetros (mm) x 9 mm, feita em silício, que integrará o experimento ALICE (A Large Ion Collider Experiment) do LHC, que envolve cerca de 1.300 cientistas de diferentes países e de mais de 30 instituições de pesquisas.
O LHC está situado entre a França e a Suíça e foi inaugurado em 2008. A estrutura forma um anel subterrâneo com 27 quilômetros de circunferência onde circulam prótons em direções opostas e que são acelerados a velocidades próximas da luz, colidindo entre si e provocando uma grande liberação de energia na escala microscópica. Esta energia é transformada em massa na forma de partículas. Uma delas é o Bóson de Higgs — partícula que explica a origem da massa das partículas elementares — cuja existência foi comprovada em 2012. Desde então, o LHC teve suas atividades interrompidas para melhorar o seu desempenho.
“No início deste ano, o LHC retomou suas atividades e está previsto um novo upgrade para o ano de 2020”, conta o professor Marcelo Gameiro Munhoz, do Departamento de Física Nuclear do IF. Ele, o professor Marco Bregant, também do IF, o professor
W ilhelmus Van Noije, do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli, e os engenheiros Hugo Hernandez e Brunos Sanches, também do LSI, são os responsáveis pelo desenvolvimento do protótipo.

na Agência USP - Proteína pode proteger células em tumor cerebral

Cientistas estão desvendando a relação de uma proteína com um tipo de tumor cerebral letal, o glioblastoma multiforme (GBM). A proteína em questão é a galectina-3 (gal-3). Os experimentos foram realizados in vitro e in vivo e podem auxiliar no melhor conhecimento dos mecanismos de ação da gal-3 no desenvolvimento do GBM.

Ilustração de corte histológico de um glioblastoma multiforme
A pesquisa foi realizada no doutorado do biólogo Rafel Ikemori, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), sob orientação do professor doutor Roger Chammas, do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP, e responsável pelo Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICESP.
O primeiro passo foi observar in vivo a expressão de gal-3 em GBM. Ikemori conta que uma das características do GBM é possuir células com núcleo alongado que circundam áreas necróticas (mortas) originadas pela trombose de vasos sanguíneos. “Estas células formam uma área denominada pseudopaliçada e podem se originar também pelo rápido crescimento tumoral que não é acompanhado pela indução dos vasos. E somente estas células dentro deste tipo tumoral expressam gal-3”, descreve o cientista. A falta de vasos leva à falta de oxigênio (hipóxia) e nutrientes e, consequentemente, à morte celular.
Ikemori explica que há uma hipótese, cujas evidências já foram mostradas por alguns pesquisadores, de que as células desse centro hipóxico e privado de nutrientes migram para fora destas áreas em direção a vasos sanguíneos, porém não foi avaliada a relação da gal-3 com a sobrevivência celular neste tipo específico de microambiente. Assim, os ensaios consistiram de experimentos in vitro imitando este microambiente tumoral expondo as células de GBM à hipóxia e privação de nutrientes para avaliar as possíveis propriedades da gal-3. “Colocamos células de uma linhagem de GBM em cultura e avaliamos a expressão da galectina-3”, conta Ikemori.

na Agência USP - Resíduos da jabuticaba tornam embutidos mais saudáveis

Cascas de jabuticaba estão sendo utilizadas na composição de produtos cárneos, como linguiças e mortadelas, tornando-os mais saudáveis. Nos laboratórios da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, a médica veterinária Juliana Baldin usou extrato de jabuticaba microencapsulado na fabricação de linguiças e mortadelas. Os resíduos da fruta possuem propriedades antioxidantes e podem substituir o eritorbato de sódio, um antioxidante químico, e o carmim de cochonilha, que dá coloração aos embutidos.

“Conseguimos produtos mais saudáveis, reduzindo os aditivos químicos”, conta a pesquisadora. A casca da jabuticaba possui um corante natural, a antocianina, que tem propriedades antioxidantes e antimicrobianas. Ela conta que nas indústrias de beneficiamento da fruta somente a polpa é utilizada. As cascas e as sementes representam aproximadamente 20% do total processado e normalmente são destinados à fabricação de ração animal e adubo.

O uso da casca de jabuticaba na composição dos embutidos vem sendo estudado por Juliana desde 2012 em seu projeto de doutorado, que foi concluído no final de 2014, com a tese Avaliação da estabilidade microbiológica e oxidativa de produtos cárneos adicionados de corante natural obtido do resíduo do despolpamento da jabuticaba (Myrciaria cauliflora) microencapsulado com maltodextrina.

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domingo, 1 de março de 2015

na Agência USP - Cientistas desenvolvem novas técnicas para levitar materiais

Pesquisadores do Instituto de Física (IF) e da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram um sistema de levitação de objetos que traz uma evolução em relação aos já existentes, que é o maior controle do material durante sua levitação. “Processos desse tipo, utilizando forças de radiação acústica, já são usados, por exemplo, em estudos e experimentos nas áreas de química e física”, conta o professor Julio Cezar Adamowski, do Departamento de Mecatrônica da Escola Politécnica (Poli) da USP. A inovação foi capa na revista internacionalApplied Physics Letters (AIP) e matéria na revista Physics Today, ambas nos EUA, no início deste ano.
O trabalho resulta da parceria entre os professores Adamowski, Marco Aurélio Brizzotti Andrade, do IF, e Nicolás Pérez, da Universidade de La República, no Uruguai. O equipamento, recentemente desenvolvido por eles, possibilita maior controle do objeto em levitação, que pode ser movido para cima ou para baixo, e para ambos os lados. Andrade conta que os sistemas já conhecidos necessitam de maior precisão para que os corpos se mantenham levitados. “Neste caso, qualquer movimento interrompe o processo de levitação”, descreve. “Na indústria química, por exemplo, equipamentos desse tipo podem ser usados para a análise de líquidos”, diz Adamowski. Apesar de as aplicações serem inúmeras, o professor conta que o objetivo principal dos estudos é dominar a tecnologia de levitação de materiais.
Nos testes com o novo equipamento, os cientistas utilizam pequenas esferas de isopor. “Mas a intenção é diversificar o tipo de material, evoluindo para corpos mais pesados”, avisa Andrade. A levitação ocorre pela reflexão de ondas sonoras. O sistema é formado por um cilindro chamado transdutor, que possui cerca de 5 cm de diâmetro e que tem sua extremidade mais fina (aproximadamente 1 cm de diâmetro), direcionada para baixo. Na parte inferior do sistema, há um pequeno cilindro côncavo (que possui 4 cm de diâmetro com uma superfície côncava de 3,3 cm de raio de curvatura), denominado refletor. Assim, o transdutor é posicionado com a sua extremidade fina na direção do refletor, de forma horizontal.

na Agência USP - Estradas aumentaram desmatamento em Rondônia

Pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, constata que no estado de Rondônia as proximidade das estradas é o principal fator que estimula o desmatamento. O estudo também analisou como a fragmentação da floresta influenciou a extinção local de espécies de mamíferos de médio e grande porte, e alterações na qualidade da água dos riachos locais.
As análises e levantamentos compõem a tese de doutorado do ecólogo Rodrigo Anzolin Begotti. “Ao todo foram cerca de quatro anos e meio de estudos e análises de uma área de aproximadamente 55 mil quilômetros quadrados, por meio de imagens de satélite da família Landsat referentes ao período de 1975 a 2011”, conta. A área estudada, segundo o cientista, representa cerca de 23% de todo o estado de Rondônia. Ali existem mais de 12 mil quilômetros de estradas de terra e pavimentadas. “Vale lembrar que o desmatamento de florestas tropicais é uma das principais fontes de emissão de gases do efeito estufa”, ressalta.
Begotti também avaliou como o que restou da floresta influenciou na qualidade da água dos riachos. “Neste caso, analisamos 21 parâmetros físico-químicos da água relacionando-os com a dinâmica do desmatamento, o arranjo espacial e a quantidade de floresta remanescente, além de características físicas das áreas drenadas por esses corpos d’água”, descreve. As análises laboratoriais foram realizadas no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), em Piracicaba. Com esses dados, o pesquisador conseguiu constatar, por exemplo, que a proporção de floresta até a distância de 100 metros dos riachos contribuiu para reduzir as concentrações de alumínio, fosfato, nitrogênio e sedimentos em suspensão, principalmente na estação chuvosa. Esse resultado tem implicações importantes com relação às modificações realizadas recentemente no Código Florestal no que diz respeito à manutenção de vegetação na beira de rios, lagos e nascentes.
Desmatamento histórico
A colonização do estado de Rondônia, como explica o pesquisador, foi marcada o pelos incentivos do governo federal, sobretudo nas década de 1970 e 1980, por meio da concessão de lotes para pequenos agricultores. “Isso levou ao desmatamento de grandes áreas, por parte de milhares de assentados, a maioria vindos das regiões sul e sudeste”, conta. Além disso, ele lembra que àquela época, a derrubada da floresta era condição para que os assentados garantissem a posse de seus lotes, sendo que a caça era a única fonte de alimentação. A coordenação e execução dos projetos de assentamento foi realizada pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), utilizando inclusive financiamento do Banco Mundial.

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na Agência USP - Estudo investiga mecanismo que degrada proteínas oxidadas

Cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), sediado no Instituto de Química (IQ) da USP, identificaram novo mecanismo de funcionamento do proteassoma e sua relação com a degradação de proteínas oxidadas. Tal conhecimento é importante porque as proteínas, quando oxidadas, se agregam. Estas agregações são, em geral, identificadas em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e Alzheimer, entre outras. “O proteassoma é também uma proteína, porém com a capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, explica a professora Marilene Demasi, do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan, que integra a equipe do Redoxoma.
O estudo, que é coordenado pela professora Marilene, poderá servir de base a novas pesquisas que visem o desenvolvimento de novas terapias contras estas doenças. A pesquisa foi publicada na edição especial da revista internacional Archives of Biochemistry and Biophysics, na edição de setembro deste ano.
Os experimentos foram realizados nos laboratórios do Redoxoma, no Instituto de Biociências (IB) da USP e no Instituto Butantan. Para identificar os mecanismos do proteassoma e sua ação na degradação das proteínas oxidadas, os cientistas utilizaram uma levedura chamada Saccharomyces cerevisiae. “Trabalhamos com as células da levedura em meios de cultura de glicose e glicerol”, descreve Marilene. “Nos testes realizados com a levedura em glicose, observou-se maior capacidade de degradar as proteínas oxidadas”, descreve a pesquisadora. Ela explica que, neste caso, o maior poder de degradação está numa modificação específica do proteassoma, denominada de glutatiolação. “O 20s-proteassoma quando glutatiolado degrada a proteína oxidada com maior velocidade”, observa a professora.

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na Agência USP - Treinos de força e creatina evitam perda de massa muscular

Na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE), trabalho do professor Bruno Gualano indica que a suplementação de creatina, principalmente quando aliada a um programa de treinamento de força, promove ganho de massa muscular e força em pacientes com disfunção muscular e sarcopenia — condição de baixa massa muscular que afeta muitos idosos e os predispõe à mortalidade. Os benefícios do suplemento estão descritos em sua tese de livre-docência intitulada Estudos sobre eficácia terapêutica da suplementação de creatina. Gualano é docente do Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da EEFE.

Tese de livre-docência compila resultados de quatro ensaios clínicos
O estudo compila resultados de quatro ensaios clínicos destinados a investigar a segurança e eficácia da creatina em idosos e adultos, com ou sem doenças associadas. “A creatina é um derivado de aminoácidos produzida endogenamente e consumida em carnes”, descreve o professor. A suplementação desse nutriente tem sido utilizada, com sucesso, para melhorar o desempenho esportivo. Mais recentemente, tem crescido o interesse no papel terapêutico da creatina que, potencialmente, poderia melhorar massa e função musculares, saúde óssea e capacidade cognitiva. A segurança do consumo da creatina, segundo Gualano, também tem sido alvo de intenso debate.
“A creatina é um nutriente produzido pelo próprio organismo, e obtida também com o consumo de carnes”, explica. Atualmente, a suplementação de creatina é classificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “alimento para atletas” e é comercializada no mercado. “Há alguns anos, advogo que a recomendação desse suplemento nutricional deveria ser estendida a idosos, pois a literatura científica tem dado bom suporte para isso”, justifica o cientista.

na Agência USP - Escola indígena, na Amazônia, intervém na sua comunidade

Os índios Kotiria, também conhecidos como Wanano, compreendem a escola como um bem comunitário. Lá, as decisões sobre os principais temas, como merenda, comportamento de professores, estudantes e temática das aulas, entre outros, são tratados pelas mães, pais, avós, estudantes, ex-alunos e docentes.
Entre 2011 e 2012, a pesquisadora Aline Abbonizio pôde observar a relação deste povo com a escola local. Os relatos e análises das visitas e permanências na comunidade resultaram na tese de doutorado Educação escolar indígena como inovação educacional: a escola e as aspirações de futuro das comunidades, defendida na Faculdade de Educação (FE) da USP.
Os Kotiria habitam a Terra Indígena Alto Rio Negro, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Foi lá que, em 2011, Aline passou três meses na maior comunidade Kotiria, do lado brasileiro, em Caruru Cachoeira, onde vivem 33 famílias, cerca de 160 pessoas. “Mais precisamente, as comunidades Kotiria estão no alto rio Uaupés, na fronteira do Brasil com a Colômbia”, conta a pesquisadora. “A maioria deles vive na Colômbia, no Departamento de Vaupés”. A escola do povo Kotiria é pública, municipal e indígena. À época das visitas de Aline, contava com cerca de 110 estudantes no ensino fundamental e 17 no ensino médio. Em São Gabriel quase 90% da população é indígena. Aline conta que a construção da primeira escola de Caruru Cachoeira ocorreu na década de 1960 e, como toda escolarização disponível naquela região, era gerida por religiosos católicos da ordem dos salesianos.
Em 2012, a pesquisadora esteve em São Gabriel mais duas vezes. “Na primeira, fiquei apenas na sede urbana do município e entrevistei gestores das secretarias municipal e estadual de educação, e líderes da maior associação indígena da região, a Foirn, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro”, relata. No mesmo ano, retornou a Caruru Cachoeira e lá permaneceu por mais um mês, onde conheceu outras comunidades Kotiria mais ou menos próximas de Caruru.

na Agência USP - Modelo matemático inovador é testado em estudos com anfíbios

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, cientistas desenvolveram um modelo matemático capaz de “turbinar” as aplicações baseadas em um fenômeno da física conhecido como entropia. Na prática, o novo modelo poderá servir de base para a criação de softwares que possibilitem melhores performances em tratamento de dados que se utilizem de sinais. “Podemos imaginar, por exemplo, aparelhos de eletrocardiograma mais precisos”, exemplifica o professor Odemir Bruno, do IFSC.

Modelo foi aplicado num sistema que afere o coaxar dos sapos, nos EUA
Mas as aplicações serão inúmeras, tanto que o modelo acaba de ser testado no Florida Institute of Tecnology (FIT), nos EUA, numa modalidade de estudos que os cientistas do IFSC sequer imaginariam. “O modelo foi aplicado num sistema que afere o coaxar dos sapos numa lagoa”, conta o professor. Na verdade, a proposta partiu do professor Eraldo Ribeiro, do FIT, que vem realizando estudos nesta área. “Análises dos sons do coaxar dos sapos são ferramentas importantes na avaliação de ecossistemas”, conta Bruno. “Os sons emitidos pelos anfíbios são gravados em equipamentos específicos e análises irão indicar as condições, satisfatórias ou não, daquele ambiente.”
O interesse do professor Eraldo Ribeiro foi pelo trabalho do físico Lucas Assirati, que desenvolveu seu mestrado no IFSC. Com os sons gravados dos anfíbios, o professor do FIT os compara a um banco de dados (padrão) o que possibilita análises de avaliação do meio ambiente. “O trabalho de Lucas permitiu análises mais apuradas e precisas”, afirma Bruno.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Na Agência USP - Agricultura urbana ganha espaço nas grandes cidades


Horta do Takebe, na cidade de Diadema, na região do grande ABC
O número de hortas em espaços vazios, mesmo numa grande metrópole, é uma prática comum e que gera renda a algumas famílias. “Os preços podem variar de acordo com a região e algumas pessoas chegam a viver exclusivamente desta atividade”, conta a cientista social, Michele Rostichelli. Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, ela empreendeu um estudo para saber quem são as pessoas que produzem esses alimentos, as características destas famílias e suas origens.
Na pesquisa de mestrado Entre a Terra e o Asfalto: a região metropolitana de São Paulo no contexto da agricultura urbana, Michele entrevistou componentes de 26 famílias que produzem hortaliças na Região Metropolitana de São Paulo, mais especificamente na região do ABC — nas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema e Mauá —, e no bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo. Boa parte destas pessoas já teve convivência com as práticas agrícolas. “A maioria vem do nordeste do Brasil ou do interior de São Paulo e chegaram por aqui para tentar a vida”, conta a pesquisadora.