sábado, 28 de janeiro de 2017

No Jornal da USP - Jovens negras da periferia mostram suas expectativas sobre o futuro



As condições quase sempre precárias de vida e a baixa expectativa de futuro despertam na mulher negra e jovem da periferia uma certeza em relação ao futuro: a da não permanência no mesmo lugar, e que foram criadas para “migrar”. “Algumas não sabem sequer para onde vão, mas sabem que vão sair de lá um dia”, conta o psicólogo Carlos Eduardo Mendes. Em pesquisa realizada no Instituto de Psicologia (IP) da USP, ele viveu de perto a realidade de 11 jovens que se autodeclararam negras, todas residentes no bairro do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo.

Foto: TV USP
Apesar das dificuldades, jovens demonstram o “orgulho de ser negra” – Foto: TV USP

Mendes acompanhou as jovens em suas atividades cotidianas durante seis meses e, em momentos inesperados, lhes fazia a seguinte questão: “o que é o futuro para você?”. “Não bastaria fazer esse questionamento somente uma vez e em um determinado momento”, justifica o psicólogo. “Certamente, cairíamos em estereótipos”. Em meio às rotinas de trabalho, às atividades religiosas, do cuidar dos filhos e de tantos outros afazeres, a questão era repetida por diversas vezes.
A “certeza” em relação à migração pode ser explicada, segundo o psicólogo, pelo fato de que as jovens envolvidas no estudo representam a terceira geração de filhos de famílias, a maioria nordestinas, que vieram para o bairro. “Assim como nas gerações anteriores, elas sabem que não permanecerão no Capão. Trazem isso como um exemplo, um destino já traçado”, afirma.
A dissertação de mestrado Os sentidos de futuro para jovens negras: pelos caminhos do Capão Redondo e Jardim Ângela periferia paulistana, orientada pelo professor Luís Guilherme Galeão Silva, do IP, traça um perfil das jovens negras que tinham, à época, idade média entre 18 e 26 anos. Além do fato de saberem antecipadamente que os seus destinos seriam “migrar”, elas se preocupavam em relação ao futuro com questões afetivas, moradia e aspectos culturais. “Ou seja, criar algum tipo de família, mesmo que não seja a convencional”, descreve Mendes, lembrando que, num primeiro momento dos questionamentos, “todas diziam simplesmente ‘não ter futuro’”.
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Últimas da fila

O que levou Mendes a empreender o estudo foi sua própria experiência como morador do bairro. “Lembro quando minha mãe saía para o trabalho e eu tinha a missão de cuidar de minhas irmãs. Numa observação mais atenta comecei a perceber que o futuro delas estaria mais ou menos traçado, que era o de ter uma família, cuidar de filhos e de um lar”, conta. Segundo ele, a maioria das atividades do bairro, gerenciadas principalmente por ONGs, tende a educar as meninas aos trabalhos manuais e atividades domésticas. “Para os garotos, restam as atividades ligadas ao mundo masculino, desde que não sejam vítimas precoces da violência”, lamenta o psicólogo que ainda reside no Capão Redondo e participa de atividades sociais locais.

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No Jornal da USP - Pesquisa mostra como diferentes hábitos alimentares alteraram a evolução das aves



Ramphastos vitellinus comendo uma espécie de Hylidae (perereca) no Rio de Janeiro, Brasil. Foto: João Quental
Ramphastos vitellinus comendo uma espécie de Hylidae (perereca) no Rio de Janeiro, Brasil. Foto: João Quental
Assim como o homem, as aves têm uma extrema capacidade de adaptação aos ambientes podendo, inclusive, alterar hábitos alimentares. Aplicando um modelo matemático sobre um banco de dados de cerca de 10 mil espécies de aves de todo o mundo, num espaço de tempo de cerca de 120 milhões de anos, cientistas comprovaram que alterações na sua alimentação podem influir na sua evolução. O estudo inédito foi publicado na Nature Communications, assinado por cientistas da USP, da Universidade de Amsterdã (Holanda) e da Universidade de Utah (EUA).
O biólogo Gustavo Burin, doutorando do Instituto de Biociências (IB) da USP e primeiro autor do artigo Omnivory in birds is a macroevolutionary sink (“Onivoria em aves é um ralo macroevolutivo”) , diz que o título dá uma ideia precisa de seu estudo. “Com o passar do tempo, as espécies onívoras frequentemente se extinguem e menos frequentemente geram novas espécies. No entanto, novas espécies onívoras são formadas devido a mudanças no ambiente e nos hábitos alimentares das aves”, descreve o cientista, explicando que espécies onívoras são as que consomem diversos tipos de alimentos, como insetos, frutos, plantas, sementes, sem nenhum tipo de alimento predominante. “Assim, podemos imaginar que houve uma espécie de ‘ralo evolutivo’, em que espécies com dieta especializada eventualmente tornaram-se onívoras e, uma vez onívoras, estavam fadadas à extinção.”
Desde Darwin, é sabido que os hábitos alimentares podem afetar a evolução das aves, “mas, até este estudo macroevolutivo, pouco se sabia como as dietas poderiam influenciar na dinâmica evolutiva de diferentes linhagens”.

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Na Agência USP de Notícias - Depressão também atinge populações da Amazônia


Estudo sobre a depressão foi feito nas cidades de Coari e Tefé, no Amazonas
É comum associarmos a depressão com cotidiano das grandes cidades. Violência, estresse, trânsito intenso e modo de vida acelerado, entre outros motivos, quase sempre são apontados como possíveis causas desse transtorno mental. Mas, um estudo realizado pela professora e enfermeira Edinilza Ribeiro dos Santos nas cidades de Coari e Tefé, no interior do estado do Amazonas, mostra que 1 em cada 5 habitantes, com 20 anos de idade ou mais, tem depressão. Os fatores de risco associados ao transtorno depressivo na população do estudo foram: baixos níveis de escolaridade e renda, uso de álcool, ausência ou pouco apoio social de familiares e amigos, estresse e ter outras doenças físicas. Os resultados da pesquisa foram publicados em um artigo na revista PLOS ONE, em sua edição de março.
“Realizamos um estudo de prevalência nos dois municípios e constatamos que os fatores de risco para transtorno depressivo são semelhantes aos observados em estudos prévios realizados em grandes centros urbanos”, conta a pesquisadora, que é docente na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Ao todo, foram entrevistadas 1.631 pessoas residentes nas duas cidades. Essas entrevistas foram realizadas por dez profissionais previamente capacitados, durante cerca de um ano, entre 2013 e 2014.
Segundo a pesquisadora, não havia na literatura, à época do início desta pesquisa, estudos que mostrassem estatísticas de depressão na região norte do País. Em sua tese de doutorado Prevalência de episódio de depressão maior em áreas de abrangência da estratégia saúde da família em dois municípios do Amazonas, defendida no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Edinilza mostra que quase 100% da população das duas cidades são cadastradas nos serviços de atenção básica à saúde das duas cidades e foi a partir desses registros que as pessoas foram convidadas a participar da pesquisa. “Esse aspecto facilitou nosso trabalho e os entrevistados foram selecionados por meio de um sorteio”, conta, lembrando que o objetivo de seu estudo foi “quantificar os casos de depressão”.

Na Agência USP de Notícias - Extrato de orégano tem ação antioxidante em produtos cárneos


Extrato de orégano foi testado em hambúrgueres de carne de ovelha
O extrato natural de orégano é um eficiente antioxidante que pode ser utilizado em produtos cárneos, tornando-os mais saudáveis. A constatação vem de experimentos realizados por pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, em que o extrato foi usado em produtos cárneos a base de carne ovina, substituindo aditivos químicos BHT – butil-hidroxi-tolueno e eritorbato de sódio. “Esses aditivos são usados em produtos cárneos e na indústria alimentícia, em geral, como conservantes e antioxidantes. Mas o extrato de orégano conseguiu efeitos equivalentes”, descreve a Médica Veterinária Rafaella de Paula Paseto Fernandes.
Depois de testar diversas ervas e especiarias para a substituição dos aditivos químicos, como hortelã, açafrão e alecrim, entre outras, Rafaella selecionou o orégano, que mostrou grande potencial antioxidante. Em parte dos experimentos, a médica veterinária confeccionou hambúrgueres com carne de ovelha de “descarte”. Ou seja, de animais normalmente com mais de seis anos que são descartados dos sistemas de produção. “Em geral, a carne deste tipo de animal, já considerado velho, apresenta sabor mais pronunciado e uma textura mais rígida, o que dificulta a comercialização in natura dos cortes”, descreve. Além da substituição do aditivo químico, Rafaella também pretende, com os resultados positivos, incentivar o consumo da carne ovina, que não é tão comum no País.
Antes da aplicação do extrato, a planta passou por etapas de preparação: trituração; agitação; centrifugação; filtração; concentração, liofilização (secagem) e, finalmente, a ressuspensão do produto em água. “Esta última etapa foi necessária visto que aplicamos o extrato na forma líquida para a elaboração dos produtos cárneos, conta.

Na Agência USP de Notícias - Cientistas criam sorvete com sabor juçara de baixas calorias


Todas as formulações do sorbet passaram por diversas análises durante quatro meses
Um sorvete sem lactose, à base de água, com sabor juçara e baixo valor calórico! O produto foi desenvolvido por cientistas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, que conseguiram desenvolver formulações probióticas e prebióticas do sorvete. Os sorbets (como são conhecidos os sorvetes à base de água) foram elaborados durante a pesquisa de mestrado da bióloga Júlia Fernanda Marinho, no Departamento de Engenharia de Alimentos da FZEA.
O fato de ser intolerante à lactose foi uma das motivações que levou Júlia ao desafio de desenvolver o sorvete à base de água. Já a opção pelo fruto do palmiteiro juçara, além do sabor, que é semelhante ao do açaí, se deu pelo fato de existir um “apelo sustentável”. “A extração dos frutos permite que a árvore seja preservada e há muitas comunidades ribeirinhas que utilizam a fruta como fonte de renda”, lembra Julia.

Fruto do palmiteiro juçara tem sabor semelhante ao do açaí
A extração do palmito da planta tem como principal consequência a extinção da espécie em diversas áreas da Mata Atlântica. E Júlia lembra que o fruto de juçara é rico em compostos fenólicos, principalmente antocianinas, que são poderosos antioxidantes capazes de impedir os efeitos danosos dos radicais livres no organismo, retardando o envelhecimento e prevenindo o surgimento de doenças como câncer, Alzheimer e doenças cardiovasculares.
Formulações
Júlia conta que os testes para o desenvolvimento do produto foram compostos de cinco formulações. Na primeira delas, considerada controle, a composição teve polpa de juçara, água, açúcar e emulsificante; Na segunda formulação, além dos componentes da primeira, foi adicionado o probiótico Lactobacillus acidophilus. Numa terceira formulação além dos itens da segunda, adicionou-se a fibra polidextrose (prébiótico) obtendo uma amostra “simbiótica”. “Na quarta composição utilizei um outro tipo de probiótico, o ‘lactobacillus paracasei’ e retirei a polidextrose”, conta Júlia. A última composição foi semelhante à quarta, mas com a polidextrose adicionada. “A polidextrose é uma fibra industrializada muito usada na indústria alimentícia”, explica a pesquisadora.

Na Agência USP de Notícias - Pichadores seguem as regras do grupo e buscam o respeito


As tags (assinaturas) são as formas de pichação mais usadas em São Paulo
A pichação na cidade de São Paulo tem com as regiões da periferia um sentimento de identidade. A atividade é exercida por grupos compostos, em sua maioria, por jovens do sexo masculino. E a maior disputa é pelo reconhecimento dos pares. “Por cerca de um ano observei os escritos, acompanhei os pichadores por algumas vezes nas áreas centrais da cidade, bem como suas marcas nas periferias e até em outros municípios”, conta o geógrafo Pedro Rangel Filardo, que estudou o tema em sua dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP.
“Consultei a literatura e verifiquei que há diversos estudos sobre as pichações nas cidades, mas do ponto de vista sociológico, da estética, da semiótica e do direito, entre outros”, conta. “Não consegui encontrar nada relativo sob o ponto de vista espacial e também da paisagem urbana, ou seja, o que de fato o ser humano apreende com o que é visto na paisagem em relação à uma pichação”. Afinal, segundo Filardo, tais marcas (pichações) por vezes nem são percebidas por muitas pessoas nas cidades.
A dissertação A Pichação (tags) em São Paulo: dinâmica dos agentes e do espaço é um estudo empírico, com base em observações feitas pelo pesquisador mais precisamente no ano de 2013, e que teve a orientação da professora Yvonne Miriam Martha Mautner. Filardo conta que a forma de pichação mais disseminada e presente na capital paulista são as tags, ou assinaturas estilizadas. De acordo com o pesquisador, esta forma de pichação de traços retos, semelhante a um estilo gótico, é a que domina a cidade central e a periferia. “Em geral são feitas de forma rápida e simples, onde os pichadores utilizam rolos de pintura ou tinta spray”, detalha.

Na Agência USP de Notícias - Óleo de pequi previne aparecimento de câncer no fígado


Óleo do pequi promoveu a regressão das lesões até a aparência de um fígado normal
O óleo de pequi (Caryocar brasiliense Camb) é capaz de reduzir lesões pré-neoplásicas (que antecedem o câncer) em até 51%, como mostraram testes realizados com camundongos na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. Os resultados destes experimentos estão descritos no artigo Chemopreventive effects of pequi oil (Caryocar brasiliense Camb.) on preneoplastic lesions in a mouse model of hepatocarcinogenesis recentemente veiculado na revista European Journal of Cancer Prevention.
De acordo com o professor Francisco Javier Hernandez Blazquez, do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química da FMVZ, além das reduções, o óleo do pequi conseguiu promover a regressão das lesões até a aparência de um fígado normal. Os testes foram realizados em animais onde o processo canceroso foi induzido. Os camundongos que, ao mesmo tempo, foram tratados com o óleo de pequi por via oral apresentaram menos lesões, sendo que muitas estavam em processo de reversão, conta Hernandez Blazquez. A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Ele descreve que os resultados vêm comprovar os efeitos benéficos deste fruto nativo do cerrado brasileiro. O extrato do óleo do pequi possui propriedades anti-inflamatórias, antioxidante e anticâncer, entre outros. “O que nos levou a investigar os efeitos do óleo no tratamento do câncer de fígado foram os resultados obtidos em estudos realizados pelo professor César K. Grisólia, na Universidade de Brasília”, conta Hernandez Blazquez. “Em seus estudos foram comprovadas reduções de lesões em tecidos de atletas, causadas por estresse oxidativo , entre os que consumiram este óleo rico em carotenoides”, descreve o cientista, ressaltando que o óleo de pequi já pode ser encontrado em capsulas.

Na Agência USP de Notícias - Engraxates ambulantes influenciaram no samba paulistano


Nas décadas de 1920 a 1950, eles engraxavam e faziam suas batucadas
Das latinhas de graxa e das escovas dos engraxates ambulantes surgia a batida peculiar de um samba característico que influenciou os destinos do ritmo na cidade de São Paulo. O som incitava aqueles jovens trabalhadores, negros em sua maioria, a dançar a “tiririca” – dança na qual dois participantes se desafiavam num jogo de pernadas.
Estas cenas eram comuns entre as décadas de 1920 e 1950, nas áreas centrais da cidade de São Paulo. “Até que a polícia chegasse para dispersar ou mesmo deter alguns participantes”, conta o historiador social André Augusto de Oliveira Santos, autor do estudo ‘Vai graxa ou samba, senhor?’: a música dos engraxates paulistanos entre 1920 e 1950. A dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) enfoca a atividade dos engraxates paulistanos e a influência que eles tiveram não apenas no samba da cidade, mas até na formação e organização de algumas escolas de samba de São Paulo.
veja aqui o vídeo:
Entre os anos de 2013 e 2015, sob orientação do professor José Geraldo Vinci de Moraes, do Departamento de História da FFLCH, Santos dedicou-se a estudar o tema pesquisando jornais e revistas da época e até fontes policiais, como boletins de ocorrências, relatórios e processos contra ambulantes. O que chamou a atenção do pesquisador foi que em muitos estudos sobre o samba paulistano havia apenas algumas citações sobre os engraxates e suas manifestações musicais. “Foi daí que surgiu a ideia de estudar mais profundamente a participação destes personagens na influência do gênero na capital paulista”, conta.
Em novembro de 2015, o estudo foi vencedor do “Concurso Sílvio Romero de Monografias”, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP). A pesquisa de Santos foi a vencedora entre 17 inscritos no concurso. Criado em 1959, o Concurso Sílvio Romero de Monografias foi idealizado com o propósito de estimular a produção de conhecimento científico sobre os diversos temas do folclore e da cultura popular.

Na Agência USP de Notícias - Aplicativo vai facilitar ensino e compreensão da geometria


Sistema propõe novo modelo de interação com softwares de ensino de geometria
Para tornar o aprendizado da geometria mais atraente e menos complicado, cientistas do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram um aplicativo que pode ser usado por estudantes de diversos níveis, desde aqueles com idade entre 13 e 14 anos até os que já estão na universidade. O Geotouch, como foi denominado, funciona em dispositivos móveis (smartphones e tablets) por meio de gestos simples, deslizando os dedos na tela do aparelho.
O novo aplicativo foi desenvolvido pela pesquisadora Helena Macedo em sua dissertação de mestrado Concepção de um Software de Geometria Interativa Utilizando Interfaces Gestuais para Dispositivos Móveis apresentada no ICMC, e que teve a orientação do professor Seiji Isotani. “Nosso sistema propõe um novo modelo de interação com softwares de ensino de geometria e faz uma síntese das funcionalidades de outros já existentes, como o Sketchometry, Geometry Pad e o Geogebra”, explica a pesquisadora. Aliás, os três sistemas citados foram analisados em seu trabalho.
Ela explica que as diferenças avaliadas foram as funcionalidades e os problemas de interação que estes aplicativos possuem. “No caso do Geotouch não há, por exemplo, um menu fixo. Isso iria gerar problemas de espaço e navegação na tela dos tablets e smartphones. Os aplicativos avaliados usam menus fixo, alguns até com figuras, como linhas retas, triângulos, circunferências, etc.

Na Agência USP de Notícias - Mapa permite estimar idade dos componentes da Via Láctea


(*) O halo, juntamente com o disco e o bojo, formam estrutura principal da Galáxia
Pela primeira vez, astrônomos conseguiram elaborar um mapa que permite estimar a idade de estrelas que compõem o halo da Via Láctea. Utilizando dados do Sloan Digital Sky Survey (SDSS), obtidos por um telescópio de 2,5 metros de diâmetro localizado no Novo México (EUA), cientistas brasileiros e do exterior já podem estimar idades aproximadas de qualquer região da Galáxia, usando somente ligeiras variações nas cores das estrelas.
Os cientistas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP Rafael Miloni Santucci e Silvia Rossi, juntamente com outros astrônomos, são os autores do artigo que descreve este novo método, cujo trabalho foi veiculado na revista internacional Astrophysical Journal Letters, intitulado: Mapa cronográfico de idade do halo da Galáxia.
Santucci explica que o halo, juntamente com o disco e o bojo, formam a estrutura principal da Galáxia. “Trata-se de uma região de baixa densidade estelar, cuja forma é praticamente esférica, e envolve a Galáxia até regiões além do disco”, descreve. Ele lembra que o halo é um ambiente importante para se estudar a evolução da nossa Galáxia, pois contém objetos quase tão velhos quanto o próprio Universo e, examente por isso, foi escolhido como ambiente ideal para a construção do mapa.
Com a elaboração do mapa cronográfico, algumas “incertezas” que até então existiam sobre a formação da Galáxia poderão ser melhor definidas. E tudo foi baseado na cor das estrelas. Santucci conta que o mapa permitiu verificar que as estrelas localizadas na região central da Galáxia são as mais velhas. “Isso confirma previsões de simulações numéricas para a formação da Via Láctea”, conta. Nestes modelos, a Via Láctea parece ter se formado de um colapso gravitacional de uma enorme nuvem de gás, onde as estrelas foram formadas primeiro nas regiões mais internas e depois nas regiões mais externas. “Nosso mapa consegue ver exatamente isso, os objetos mais próximos do centro da Galáxia têm uma idade de cerca de 13 bilhões de anos enquanto as regiões mais externas são em geral mais jovens, com cerca de 9 bilhões de anos”, comemora Santucci.

Na Agência USP de Notícias - Filtros capacitivos mostram eficácia em qualidade de energia

O Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac) da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, testou a eficiência dos efeitos de um filtro capacitivo que é capaz de reduzir “ruídos” na rede elétrica o que como consequência pode gerar economias da ordem de 5% a 20%. O professor Ernane Xavier, do Lafac, explica que o equipamento foi testado por um período de 30 dias, durante 24 horas ininterruptas, e mostrou eficiência na redução dos ruídos gerados por surtos e artefatos harmônicos presentes na rede elétrica.

Filtros podem reduzir “ruídos” na rede elétrica gerando economias entre 5% e 20%
Xavier explica que a rede elétrica que fornece energia para industrias e residências deve oscilar a uma frequência de 60 hertz (hz), mas isso não ocorre devido a ruídos e imperfeições “Os chamados ruídos são causados por picos de tensão que provocam descargas nos equipamentos gerando os ‘artefatos harmônicos’ na rede elétrica”, descreve o cientista. Estas oscilações introduzem outras frequências na rede denominadas de harmônicas, pois, são múltiplos inteiros da frequência principal que é de 60 Hz e acontecem acima ou abaixo desta medida. “Em geral, sempre acima, e quase nunca abaixo. Estas oscilações geram correntes espúrias que podem gerar aumentos no consumo que o consumidor chega a sentir no bolso”, descreve.
Os detalhes técnicos sobre os testes foram publicados na revista Sodebras e apresentados no XXXIII International Sodebras Congress, que aconteceu no primeiro semestre deste ano em Salvador, na Bahia. Xavier conta que o equipamento testado não foi desenvolvido no seu laboratório, mas por ex-alunos da universidade que atuam no mercado de tecnologia e engenharia elétrica. “O que fizemos, na verdade, foi um caminho inverso. Normalmente uma inovação começa pelos estudos, redação de um artigo científico e depois a construção de um protótipo”, descreve. “Neste caso validamos, cientificamente, o equipamento que já tem cerca de dez anos de existência, mas que ainda não é acessível ao consumidor em geral”.
Resultados positivos
O filtro capacitivo testado no Lafac foi instalado em paralelo à rede elétrica. Segundo Xavier, não se tratou apenas de um simples teste. Os técnicos do laboratório também sugeriram melhorias no equipamento, como a digitalização do filtro. Na linha de teste que foi estabelecida no Lafac, os pesquisadores identificaram diferentes tipos de surtos e artefatos harmônicos na rede elétrica de Pirassununga, onde está localizada a FZEA.

Na Agência USP de Notícias - Desmatamento reduz tamanho de peixes em região amazônica


Rivulídeos criados em temperatura semelhante às dos riachos perderam massa
Entre os diversos danos causados pelo desmatamento na Amazônia em virtude da expansão agrícola, uma pesquisa desenvolvida no Instituto de Biociências (IB) da USP mostra que houve diminuição no tamanho de algumas espécies de peixes. Para realizar o estudo dos Efeitos da conversão de florestas em áreas agrícolas sobre assembleias de peixes das cabeceiras do Rio Xingu, o ecólogo Paulo Ricardo Ilha Jiquiriçá coletou quase 4 mil peixes de 36 espécies diferentes na região de Canarana, no Mato Grosso, cidade conhecida como portal do Xingu. Ele conta que seus estudos tinham como objetivo inicial avaliar os efeitos do desmatamento e da construção de barragens sobre a fauna de peixes (assembleias). “Contudo, no decorrer da pesquisa percebemos que o tamanho corporal dos peixes nos riachos em áreas agrícolas era significativamente menor em comparação com os riachos em áreas de florestas”, conta.
Sob orientação do professor Luis Cesar Schiesari, do curso de Gestão Ambiental da Escola de Artes Ciências e Humanidades (EACH), e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o cientista deu início às suas pesquisas no ano de 2011. Além dos estudos nos laboratórios do IB, Paulo passou cerca de 18 meses em pesquisas de campo, residindo em Canarana. Lá, em colaboração com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o cientista realizou coletas em seis riachos, sendo três localizados em áreas de florestas e outros três em áreas agrícolas.
Nestas propriedades agrícolas é comum a degradação das matas ciliares e a construção de barragens que represam trechos dos riachos, seja para armazenar água para o gado ou para abastecer pequenas hidrelétricas. Paulo conta que a região já conta com mais de dez mil pequenas barragens. Os cursos d’água avaliados no estudo estão nas cabeceiras de rios afluentes que formam o Rio Xingu (rios Tanguro e Darro), no centro-leste do Mato Grosso. A região é uma das maiores produtoras de soja do País e está localizada no arco do desmatamento amazônico.

Na Agência USP - Lei de drogas vem causando lotação no sistema penitenciário


Em 2005, prisões por drogas atingiram 32.880 casos, subindo para 146.276 em 2013
A atual política de drogas no Brasil não conseguiu atingir seus objetivos e pode estar diretamente ligada ao aumento da população carcerária no País. “O que se pensou na formulação da lei 11.343, de 2006, que era punir o grande tráfico de forma mais incisiva e instituir medidas para reinserção a atenção social de usuários e de drogas, mas essa combinação de medidas acabou tendo efeito inverso punindo duramente usuários e pequenos traficantes, superlotando as prisões”, afirma o sociólogo Marcelo da Silveira Campos. Segundo ele, o número de presos por tráfico e uso de drogas, de fato, aumentou. “Em 2005, antes da nova lei, o percentual de pessoas incriminadas por uso ou tráfico de drogas era de 13%, em relação ao total no País. Em 2014, subiu para 27% de toda a população carcerária brasileira”, contabiliza.
Em sua tese de doutorado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP Campos analisou dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), do Ministério da Justiça, desde a implantação da lei (2006) até o ano de 2013. Também analisou a atuação da justiça criminal por drogas em São Paulo entre os anos de 2004 a 2009, nos distritos policiais dos bairros de Itaquera, na zona leste da cidade, e Santa Cecília, na região central.
A tese Pela metade: as principais implicações da nova lei de drogas no sistema de justiça criminal em São Paulo, que teve a orientação do professor Marcos Cesar Alavarez, também motivou Campos a desenvolver parte de seus estudos no Canadá, um dos países considerados mais eficientes na legislação sobre as drogas.
Ao levantar os dados nacionais desde a implantação da nova legislação, constatou-se que no ano de 2005, as prisões por drogas atingiram 32.880 casos. Oito anos depois, em 2013, o número subiu para 146.276 prisões envolvendo homens e mulheres. “Em 2005 tínhamos 12,90% de presos por drogas. Em 2014, este número subiu para 27% dos presos de ambos os sexos em relação ao total da população carcerária brasileira”, contabiliza o sociólogo.

Na Agência USP - Cobertura de revistas sobre cotas traz reflexos históricos


Revistas Veja, Caros e Amigos e Carta Capital foram analisadas no estudo
O sistema de cotas nas universidades públicas brasileiras, apesar de consolidado pela legislação, ainda pode ser considerado “polêmico”, ao menos em relação à cobertura da mídia. Para a jornalista Tatiana Cavalcante de Oliveira Botosso, as abordagens dadas pela mídia ao tema trazem reflexos históricos, visto que o Brasil é um país que teve todas as suas relações construídas a partir do racismo, quando se formaram as elites brancas. “Os grandes meios de comunicação sempre foram dominados por esta mesma elite”, afirma a jornalista.
Tatiana é autora do estudo Negros na Universidade – cobertura da mídia sobre as políticas de inclusão sócio racial no Brasil. A pesquisa de mestrado foi apresentada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, sob orientação do professor Dennis de Oliveira. Para realizar seu estudo, Tatiana analisou a cobertura de três revistas semanais sobre a votação da lei de cotas nas universidades e institutos federais pelo Superior Tribunal Federal (STF),  em 2012.
A pesquisadora escolheu as publicações Carta Capital, Veja e Caros Amigos. “São revistas que possuem linhas editoriais distintas. Podemos identificar que duas delas, Carta Capital e Caros Amigos, têm uma posição mais à esquerda, enquanto a Veja defende opiniões mais à direita”, avalia. Ao todo, foram selecionadas 12 matérias sobre o tema veiculadas nas três revistas durante o ano de 2012, entre os meses de abril e setembro. “Foram dois textos da Caros Amigos, cinco da Veja e outros cinco da Carta Capital”, conta.
Percorrendo o racismo
Antes mesmo de analisar os textos das publicações, Tatiana traça em seu estudo um panorama em relação ao racismo, desde o escravismo e analisando dados socioeconômicos atuais entre as populações brancas e negras. “Também estudei parte da história do jornalismo em relação ao tema e os movimentos negros que ocorreram desde o escravismo até a conquista das primeiras ações afirmativas”, descreve. Nesta trajetória de estudos, ela analisou a importância dos movimentos de mulheres negras chegando ao Programa Universidade para Todos – PROUNI, e à Lei de Cotas.

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Na Agência USP - Drogas combinadas matam parasitas da esquistossomose


Sinergia pode ser o caminho de novos medicamentos para combater a doença
Cientistas do Instituto de Química (IQ) da USP realizaram experimentos onde identificaram uma nova combinação de drogas que se mostrou eficaz na morte de vermes adultos de Schistosoma mansoni. O parasita é o causador da esquistossomose, doença popularmente conhecida como “barriga d’água” que atinge cerca de 230 milhões de pessoas em todo o mundo. A doença é endêmica em 76 países da África, Sudeste da Ásia, América Central e América do Sul. Os experimentos foram realizados in vitro com os medicamentos Praziquantel (PZQ) e Omeprazol (OMP) e o artigo sobre a pesquisa acaba de ser publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.
O professor Sergio Verjovski-Almeida, do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química (IQ) da USP, explica que o trabalho foi identificar quais novas drogas poderiam apresentar o que ele chamou de ‘sinergia’ com o PZQ, a droga atualmente usada contra o parasita. A ideia era encontrar uma nova e comprovar a eficácia da combinação desta nova droga com o PZQ para a morte do parasita.
Ele explica que o PZQ já é utilizado como medicação contra a doença. Apesar de matar o parasita, não há a garantia de proteção contínua da droga contra o Schistosoma mansoni, visto que mesmo após a medicação os pacientes voltam a ficar em contato com a larva em locais de alta contaminação. “Além disso, trata-se de um custo de saúde pública caro. Mesmo no Egito, onde foi largamente utilizada, a droga não foi capaz de erradicar a doença”, lembra Verjovski-Almeida, ressaltando que já foram geradas, inclusive, formas resistentes do parasita ao PZQ.

Na Agência USP - Astrônomos descobrem estrela dupla em processo de fusão


Sistema é considerado pelos astrônomos como "super raro"
Grupo de cientistas que incluem brasileiros do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP acaba de descobrir um sistema considerado “super raro” que é composto de duas estrelas ligadas pela força gravitacional, com massas bem superiores à do nosso Sol. O sistema denominado VFTS 352 foi localizado a aproximadamente 160 mil anos luz – cerca de 10 bilhões de vezes a distância entre a Terra e o Sol, numa galáxia vizinha à nossa Via Láctea conhecida como a Grande Nuvem de Magalhães. O artigo acaba de ser publicado no The Astrophysical Journal (Volume 812 issue 2 article 102).
De acordo com o astrônomo Leonardo Almeida, atualmente pós doutorando do IAG e bolsista da Fapesp, trata-se de um sistema binário em overcontato e de alta massa. “Cada estrela tem cerca de 29 vezes a massa do Sol”, estima o cientista, explicando que “o termo overcontato indica que as estrelas já estão uma dentro da outra”. Devido a isso, os pesquisadores acreditam que elas irão se fundir formando uma única estrela com a massa combinada de 58 massas do Sol.
Os resultados são baseados em dados do Very Large Telescope – ESO (Observatório Europeu do Sul ) e foram frutos do estágio de Almeida no Space Telescope Science Institute e na Johns Hopkins University nos Estados Unidos. “Nós temos um projeto aprovado para observar esse objeto com o Telescópio Espacial Hubble. Acreditamos que esses resultados serão extremamente interessantes para o público em geral”, acredita o astrônomo, que é supervisionado em seu pós-doc pelo professor Augusto Damineli, do IAG. Também participaram da descoberta astrônomos que trabalham nos EUA, Europa e Chile.